Com a expulsão dos franceses, após a derrota de Bonaparte, Portugal passou a ser dirigida por ingleses, sob total tirania. Em 1820, eclodiu um movimento revolucionário na cidade do Porto, cujas reivindicações eram: Retorno imediato da família real; Fim do Estado absolutista; Juramento pelo monarca de uma constituição; Fim da inversão brasileira e retorno a uma situação de colônia.
Ameaçado
de perder o trono real, em 1821, D. João VI viu-se obrigado a retornar a
Portugal, mas, contrariando a ideia de que o rei era pouco inteligente, ele
deixou aqui seu filho Pedro, nomeado regente do Brasil, para que este
conduzisse o processo de independência que, a esta altura, já era irreversível.
A
situação política e econômica do Brasil se agravou D. Joao VI partiu esvaziando
os cofres brasileiros, fazendo aumentar as hostilidades entre brasileiros e
portugueses. O parlamento portugueses, por sua vez, contra o protesto dos
Deputados brasileiros, aprova uma serie de medidas que determinavam a
recolonização do Brasil.
As
pressões internas se acumulavam: havia um clima de conspiração e de apoio às
revoltas emancipacionistas- as elites temiam uma revolução popular, sobretudo
um levante de escravos e negros libertos e, principalmente a aristocracia
temiam o retorno à situação de colônia porque isso significava o fim da
liberdade comercial.
O
contexto internacional também era favorável a uma ruptura das instituições
coloniais. A nova doutrina econômica o liberalismo, condenava as práticas
intervencionistas do mercantilismo e defendia o fim do pacto colonial e a
liberdade do comercio. A Inglaterra tinha interesse direto no desfecho da
situação porque desejava continuar tendo acesso ao mercado brasileiro.
Pelos
interesses que estavam em jogo, a independência já era uma questão de tempo, e,
agora, tratava-se de não perder o controle da situação. Assim, a elite
latifundiária, o regente e seus aliados mais próximos e os próprios
representantes dos capitais ingleses se aliaram para conduzir o processo de
independência.
Em
abril de 1821, teve inicio a negociação para definir as bases em que se
organizaria o Estado Brasileiro. Participaram desse acordo os portugueses que
eram favoráveis a independência, representantes das camada médias da sociedade,
membros da aristocracia rural, o futuro imperador e até negociantes ingleses.
O
outro lado, as cortes de Lisboa exigiam o retorno de D. Pedro a Portugal. Ao
decidir, no dia 9 de janeiro de 1822, que ficaria, o regente deixou claro que
havia optado pelo rompimento com Portugal. A parcela da elite que ainda se encontrava
indecisa para apoiar a independência desde que a mudança política não alterasse
profundamente a estrutura socioeconômica.
As
classes ricas, portugueses e brasileiros, temiam a instalação de uma republica que
poderia significar a participação das demais classes nas decisões de poder, por
isso defenderam, na sua maioria, a fórmula da monarquia constitucional sob o
comando de D. Pedro que era o herdeiro do trono português.
Em
maio de 1822 D. Pedro instituiu o cumpra-se (as leis portuguesas só teriam
validade no Brasil com a anuência do Regente), em julho foi convocada a
realização de uma assembleia nacional constituinte. Em agosto foi assinado um
manifesto dirigido as nações amigas, anunciando uma independência que manteria
o Brasil como reino irmão de Portugal. A elite portuguesa que vivia no Brasil
tinha assegurado sua permanência sem riscos a sua vida e seu patrimônio; a
elite agrária brasileira tinha garantido a liberdade do comércio conquistada em
1808, além da manutenção da concentração de terras e da escravidão. Os
representantes do capitalismo inglês continuariam a ter acesso privilegiado ao
mercado brasileiro. Para o restante da sociedade nada mudou.
O
processo nos mostra que o acontecimento de 7 de setembro de 1822 foi bastante
irrelevante, uma vez que a independência já estava definida em nome das classes
proprietárias. Com
a independência a ordem econômica seria preservada, a escravidão mantida. A
nação independente continuaria subordinada a economia colonial, passando do
domínio português a tutela britânica. A fachada liberal construída pela elite
europeizada ocultava a miséria e a escravidão da maioria dos habitantes do
país. Conquistar a emancipação definitiva da nação, ampliar o significado dos
princípios constitucionais seria tarefa relegada aos pôsteres.
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